3 de dezembro de 2007

A hora do cansaço

As coisas que amamos, as pessoas que amamos
São eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limitedo nosso poder.

De respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.


De outra maneira se tornam,absoluta,
numa outra(maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.

Já não pretendemos que sejam imperecíveis,
Restituímos cadáver e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho eterno fica esse gosto acre
na boca, na mente,
Sei lá, talvez no ar.


Carlos Drumont de Andrade

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